Viva
Toda a primavera vive nas folhas das paineiras
Em cada folha vibra um acorde levíssimo
(que é o nada)
Agora vejo um adeus na mesma árvore
que namoro dia a dia
E me pergunto das fadigas
quando deito o corpo cansado
(de rodar)
da luta desesperada
(de não amar)
E me pergunto por quê não transmutar nossos corpos
em areias levíssimas ou folhas de plátanos
Por que ser pedra a rolar
avalanches?
Por que não ser um lago onde os amantes se fitem com ternura
e brinquem em seus devaneios loucos?
Impossível é viver
(sem amar)
Suicídio é o tédio
Jogue-se na areia morna do crepúsculo
sinta o coração da terra em fusão com suas entranhas
mas, não grite
Beije profundamente
e em longitude
e em profundezas
Não
não se suicide
Eles já prometeram lhe exterminar.