CULTO PAGÃO
O amor, a vida, o povo, a língua que falamos,
flor do Lácio agora brasileira,
a nossa arte de dizer,
a forma,
o sentimento puro,
a alma brasileira,
a terra ardendo sob o sol,
a liberdade,
tudo fora o sonho que resumira
o culto do poeta à beleza pagã.
Ao puro consagrara o estro rebelado.
E o puro é o que surgira
liberto da explosão
do encontro das três raças,
que Bilac exaltara no seu culto pagão.
Jamais o culto ao que vencera
brandindo o chicote.
Jamais o culto ao que esmaga e espezinha,
ao que serve aos de fora,
ao colosso que oprime.
O esplendor do belo,
sob o tórrido calor da terra tropical!
E no amor, na vida,
no culto à liberdade
se impusera
a rendição
incondicional do poeta
ao sacrifício imortal deste culto pagão.