XXI

Moacyr Félix

XXI

 

Exilado na morte guevarina

  na morte guerrilheira

  na morte dos soldados

que nos combates morreram

  na morte da moça libanesa

      sob as marquises, em Beirute

  na morte legisferada nos subúrbios

             de Soweto, em Johannesburg

       na morte dos estudantes massacrados

                               linchados

                               fuzilados

                               enforcados

                               queimados

       no campus da Universidade de Thammasat, na Tailândia

       na morte em cada casa, em cada esquina, em cada poste

          em cada escada, em cada escola, em cada fábrica

          em cada porto, em cada parque

          em cada quarto de dormir

          entre os fios de uma noite longa

          e sem amanhecer

             para quase um milhão de vidas na Indonésia

       na morte do preso em qualquer parte

             onde querer a liberdade é crime

       na morte lumumbense

             em quase todos os portais de África

       na morte solta em Buenos Aires ou

             atrelada na voz eletrônica da CIA

       na morte que chegou

             pela janela estilhaçada

             do Palácio de la Moneda

             (a mão allendiana se firmando

             pela derradeira vez no gatilho

             de uma paixão do tamanho da história)

       na morte pinochetada até o final

             de Eliezer Neftali Ricardo Rayes y Basalto,

             aquele que não morre mais porque

             os sempre jovens o chamam carinhosamente de

                                                  Neruda

       na morte brasileira

             de Herzog ou de Rubem Paiva

             ou de José ou de João

             que morreram porque

             repetiam não

       na morte em jeito de martírio

             do padre Penido com a sua voz de lírio

             a lembrar a paz em mato grosso

       na morte dos que morreram

             sem saber por quê

             e na morte mais que a morte

             dos que pensavam saber

       na morte da morte que não chega

             da alienação que vive dessas mortes todas

 

 

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— Colofão

Coordenação

Marcelo Ferraz (UFG/CNPq)

Nelson Martinelli Filho (IFES/UFES/CNPq)

Wilberth Salgueiro (UFES/CNPq)

Bolsistas de apoio técnico (FAPES)

Juliana Celestino

Valéria Goldner Anchesqui

Bolsistas de pós-doutorado (CNPq)

Camila Hespanhol Peruchi

Rafael Fava Belúzio

Pesquisadores/as vinculados/as

Abílio Pacheco de Souza (UNIFESSPA)

Ana Clara Magalhães (UnB)

Cleidson Frisso Braz (Doutorando UFES)

Cristiano Augusto da Silva (UESC)

Diana Junkes (UFSCar)

Fabíola Padilha (UFES)

Francielle Villaça (Mestranda UFES)

Henrique Marques Samyn (UERJ)

Marcelo Paiva de Souza (UFPR/CNPq)

Mariane Tavares (Pós-doutoranda UFES)

Patrícia Marcondes de Barros (UEL)

Susana Souto Silva (UFAL)

Weverson Dadalto (IFES)

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— Financiamento e realização

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