O Criminoso Político e a Continuista
A Telinha
vai retornar num tapete voador
com chapa fria
comprado em Marrakesch
e pousar no Galeão
onde o Jabur a espera
desatinado
recém-saído da Frei Caneca.
A torre de comando
não poderá comandar
o coração dos dois.
Como no céu,
os anjos do Detran
não conseguirão controlar
o engarrafamento das nuvens
no dia da chegada
nem impedir a colisão
de duas águias míopes
com o brevet vencido.
O risco do desastre
será eminente
em algum ponto desse país
aliás como profetizou em Rabat
um conhecido profeta
encantador de serpentes.
Estela trará uma estrela do oriente
escondida na valise
burlará na alfândega
o delator de astros
e o detetor de sentimento
e este, jamais compreenderá
que essa estrela anã
é apenas a tessitura de um momento luminoso
a metáfora de um encontro
e não uma reles e literal
massa de gazes brilhantes
o que de resto
não caberia em nenhuma bagagem.
Afinal de contas
a cibernética ainda não entende nada de amor
o que não impede, enquanto a anistia for restrita
que o computador da repressão
continue firme no seu emprego.
E dito isso,
quando todos pensarem
tratar-se de um simples desembarque,
vocês dois pulam dentro do tapete mágico
e nunca mais saem dele.
E isso é exatamente aquele treco
de reter o momento da liberdade
para sempre.
Lembra como dentro da prisão
discutimos horas a fio
sobre o medo dessa perda?