MINHA TERRA
Terra do medo
do terror, da dor
dor da guerra
fratricida guerra
de absentas probidades.
Prega-se paz
estendal do amor
pratica-se a guerra
chacina-se aos filhos
de luto cobrindo
infindas famílias.
Risos sádicos
nas sessões tétricas
a zurzir corpos
em adentrados quartéis
respondidos nos lares
e nos dobrados prantos
em sepulturas carpidos.
Chora a mãe
o filho trucidado,
chora a noiva
seu amor perdido,
chora a esposa
seu homem assassinado,
entristece ao trabalhador
o iníquo salário,
lamenta o escritor
os livros proibidos,
aflige ao cineasta
fitas truncadas, vetadas,
punge ao poeta
poemas impublicados.
Chora o povo ainda
impotente, manietado
no Brasil, hoje
adulterado, inflamado,
ultrajado, torturado.
E as casernas envilecidas
em antros
de polícias transformadas
convergindo ódios ao povo.
Mas dia virá e
aos seus brados
voarão dragonas,
aos seus braços erguidos
fugirão batalhões,
cairão fardas
no coçar de dedos...
na sanha do povo
saldados débitos
no sangue de dissolutos
sevandijas do estado...
Último resgate
em flux reclamado
na equidade vertido.
Logo Brasil, teu nome
compulsão causará jamais.
Não mais o Brasil do medo
dos sádicos torturadores,
da torpeza,
da vilania, dos horrores...
Teu nome alegre soará
será liberdade,
será Pátria...!
Itamaracárcere, 15/02/77