LEMBRANÇAS DO NORDESTE
Busco mudar o tema
De meus versos sem razão
Penso nas massas, nos camponeses,
Nos operários que lutam
Contra a miserável exploração.
Recordo o pobre Nordeste
Onde de corpo e alma me entreguei
Na luta pela organização
Das massas sempre exploradas,
Que buscavam sua Redenção.
Recordo Jeremias tombado,
Me vem a mente sua canção,
Que mostra que um revolucionário
Não foge ao seu dever, não!
Mesmo sabendo que a morte
O espera na última ação.
E todos esses sentimentos
Me vem do coração
Do fundo da mente já gasta
Nesta luta contra a repressão.
Tudo isso eu preciso
Escrever com exatidão
Mas tua imagem querida
Me turva a mente e a razão.
Porém nunca me rendo
E não perco a esperança
De um dia cantar em versos
Todo o grande explendor,
Da epopeia desta luta
Que ainda não terminou.
As massas exploradas
Continuam a lutar
Buscando a tão almejada vitória
Que da miséria as libertará.
Só no dia em que eu vêr
Toda a massa se levantar,
Para destruir os grilhões
Que as mantém na miséria secular
Terei paz de espírito querida
Para o nosso amor poder cantar.
São Paulo, 25/05/73