IX
O policial, orgulhoso
de matar a tiros
ou espancar seus "monstros",
leva a filhinha
à carroça de pipocas;
tem, no bolso,
a carteira de agente
de primeiro nível;
tem, no coração,
o elogio do chefe
e da mulher,
está pleno, apesar de pobre
(dos honrados);
não foi ele quem fez
esta merda de mundo,
que mais "essa porra"
diz ele,
de Justiça quer?
Comentário do pesquisador
Embora o poema acima não seja datado, optou-se por registrá-lo no Memorial Poético dos Anos de Chumbo devido à ênfase com a qual tematiza a violência institucional e a situação do algoz (a lógica do raciocínio dos que cumprem ordens). Embora o texto se refira – ao utilizar o termo “policial” – também a uma problemática contemporânea, a violência policial do presente pode ser vista como fruto da manutenção de traços autoritários oriundos do regime.