Escusas poéticas - II

Alex Polari

ESCUSAS POÉTICAS - II

 

Alguns companheiros reclamam

que entre tantas imagens bonitas

eu diga em meus poemas que gosto de chupar bucetas

e não vejo como isso atrapalhe a marcha para o socialismo

que é também o meu rumo. Mais ainda,

eu gostaria que nessa nova sociedade por qual luto

todos passassem a chupar bucetas a contento

todos redescobrissem seus corpos massacrados

todos descobrissem que o medo e a aversão ao prazer

a que foram submetidos foi e será sempre

apenas a estratégia dos tiranos.

 

Outros companheiros reclamam

quanto ao uso da 1ª pessoa

em meus poemas, a falta de desfechos

corretos do ponto de vista político

e os resquícios da classe que pertenço.

 

A isso tudo procuro responder

que a poesia reflete uma vivência particular,

se universaliza apenas nessa medida

e que não adianta você inventar um caminho

para um povo que você não conhece nem soube achar.

Eu bem que gostaria de ter essa solução, é minha senda,

eu estou sinceramente do lado dos oprimidos

só que de uma maneira abstrata

o que errei, errei por eles,

num processo não despido de angústia

e minha poesia teria que se ressentir disso.

 

Quanto as outras críticas,

o que posso dizer é que a falta de lógica de meus sentimentos

não acompanha a lógica dos manuais de dialética

e que minhas intenções e objetivos

nem sempre correspondem à minha vida real.

 

O que muitos não entendem

é que eu quero muito falar do meu povo

da sabedoria dele,

das coisas simples

que lhe são mais imediatas

mas que esse canto hoje soaria falso

e que só posso falar disso

quando não precisar inventar nada,

quando minha praxis for essa

o caminho escolhido o certo,

quando não precisar de metáforas.

 

O dia da redenção tanto pode ser uma aurora quanto um poente,

isso pouco importa

desde que se o cante e anuncie

de todas as formas possíveis.

 

 

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