XXXVI

Moacyr Félix

                        XXXVI

 

Exilado entre os nomes da carta 77 e na Praga de

              Karel Kosik

       ou no porta-aviões do Pentágono, com o seu rumo

              sempre apontado para as nossas costas.

 

Exilado entre as 1046 penas em riste

       nas longas asas da imaginação

       ou da inteligência

       querendo libertar-se em nossa terra.

 

Exilado no manifesto que não houve

       em defesa da estatização, única via

       para que a liberdade se engravide

       descentralizando-se em comunidades

       da vida possivelmente humana e simples.

 

Exilado nesses endolarados cofres da plutocracia

       em que o lucro cada vez maior rumina

       o solo brasileiro esquartejado em zonas.

 

Exilado no discurso em que se engana o povo.

 

Exilado na politicagem, essa escumalha que borra

       o futuro no caderno íntimo da juventude.

 

Exilado no progresso moral ou na beleza humana

       que não se elevam lado a lado com as ogivas

       dos foguetes, ou com as torres de petróleo,

       as tonelagens de aço, a altura das represas.

 

Exilado na espúria matemática dessas tecnocracias

       em que o despertar do tempo é atraiçoado

       sob lâmpadas frias em lugar de sol

       (e assim a noite se fabrica

       outra vez mais sem as cantigas

       dos saltos qualitativos naturais

       como a coloração da flora ou a

       coreografia sem erros da fauna).

 

Exilado nas multinacionais e em seus dinheiros

       a povoarem

       sob o nome da liberdade proferido em vão

       as nossas praças públicas

       (onde a juventude morre sem saber que morre

       para adubar o lucro que se quer sem fim).

 

Exilado na mocidade universitária, que é a chama

       necessária para que haja luz nestes degraus

       do tempo brasileiro a se querer no alto

       cume da vida soberana e livre.

       (Livros, eu peço livros de todo e qualquer credo

       no homem como ser que ama e questiona

       qualquer muro, qualquer distância, qualquer dor

       colocados entre ele e o que sente

       ou sabe ser realizações de amor).

 

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— Colofão

Coordenação

Marcelo Ferraz (UFG/CNPq)

Nelson Martinelli Filho (IFES/UFES/CNPq)

Wilberth Salgueiro (UFES/CNPq)

Bolsistas de apoio técnico (FAPES)

Juliana Celestino

Valéria Goldner Anchesqui

Bolsistas de pós-doutorado (CNPq)

Camila Hespanhol Peruchi

Rafael Fava Belúzio

Pesquisadores/as vinculados/as

Abílio Pacheco de Souza (UNIFESSPA)

Ana Clara Magalhães (UnB)

Cleidson Frisso Braz (Doutorando UFES)

Cristiano Augusto da Silva (UESC)

Diana Junkes (UFSCar)

Fabíola Padilha (UFES)

Francielle Villaça (Mestranda UFES)

Henrique Marques Samyn (UERJ)

Marcelo Paiva de Souza (UFPR/CNPq)

Mariane Tavares (Pós-doutoranda UFES)

Patrícia Marcondes de Barros (UEL)

Susana Souto Silva (UFAL)

Weverson Dadalto (IFES)

Além dos nomes acima muitas outras pessoas colaboraram com o projeto. Para uma lista mais completa de agradecimentos, confira a página Sobre o projeto.

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— Financiamento e realização

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