VISITA DO ANEXO DE DOIS RIOS
(Onde esteve Preso Graciliano)
Apareceste,
um resto de esperança,
réstia de sombra
filtrada na grade.
A pesada porta
abriu-se.
Radiante,
amamos.
Confusos, balbuciantes,
cientes da exiguidade do tempo
rimos, choramos,
pela manhã veio o ônibus.
Acordei assustado,
te vi difusamente através de minha névoa
se vestindo. Então
disse adeus quase dormindo
enquanto tentava entender tudo,
o ônibus já ia indo
além das curvas
e das minhas possibilidades
de imaginá-lo
ou detê-lo.
Tentei em vão achar teu corpo
ao lado como ontem.
Restou apenas uma marca, cheiro,
lembrança.
Acordei desesperado
com um gosto
de amargura
e cachaça
na boca.
Liguei o rádio
à cata de notícias
tuas.