VII
Missão de pátria ultrapassada, o homem
pertence ao universo. Que pátria é etapa
de amor mais grave, como o próprio filho
é o olhar da infância. Limitados
vive-se de detalhes, num desejo de impérios,
enquanto o amor, índice do mistério, permanece
de lado, e outros preços obtêm a conquista
da terra. E tudo passa. Castelos de ouro
mantos de brilho externo, passam. Fulgem no instante,
que adiante prossegue em solidão.
Temerosos, os homens vão à guerra, estandartes
de fraqueza e mêdo, num perturbado grito
onde o próximo é importante, pois urge
exterminá-lo. A criança chora em vão dentro
do adulto; não cedem. Tem o receio da criança,
não sua espontânea esperança. A confiante
carícia, o sorriso de mãos dadas, devem morrer
na infância. E não adianta a clara natureza.
Sós, insistentes, ferem-se num mundo incolor,
onde o horizonte é um poente mortal,
de inconsistente primavera.
Comentário do pesquisador
Poema VII da série "Cânticos do horizonte".