Longos anos
preso no cárcere político
e tu, embora livre,
presa a mim.
As grades
que hoje nos separam
jamais quebraram os elos
da nossa livre unidade
Um dia,
liberto do cárcere,
preso estarei,
livremente preso a ti.
Da liberdade em prisão
E da prisão em liberdade
Vivemos nossa vida-amor-e-luta
Que nos une e liberta
Comentário do pesquisador
O poema “Vida, amor e luta” integra o volume “Poemas (quebrados) do cárcere”, publicado por Gilney Amorim Viana em 2011. Na “apresentação do autor”, o poeta afirma: “Estes raros e quebrados poemas foram escritos na década passada, quando estive encarcerado pela ditadura militar. Acredito que refletem minhas afetividades, dúvidas existenciais, certezas políticas e ideológicas vividas naquele período” (2011, p. 9). Sobre a segunda parte do livro, na qual está inserido “Vida, amor e luta”, Gilney Viana informa: “Já os poemas seguintes foram escritos na Penitenciária Regional de Juiz de Fora, situada no bairro de Linhares, onde estive preso durante o período de 1970 a 1977. A conjuntura estava marcada pela ofensiva da ditadura militar contra todas as forças de oposição, armadas e não armadas, inclusive nos cárceres políticos controlados pelos militares dos serviços de informação, como a Penitenciária de Linhares. Para nós, presos políticos, só existia uma alternativa: a resistência física, psicológica, ideológica e política e, porque não dizer, também poética” (2011, p. 9).