UM LIDE, PARA O CASO HERZOG
Os duzentos e vinte volts
acenderam os mercúrios
dos frios planaltos,
passaram a ferro
os capuzes dos crápulas,
iluminaram a pista
para o pouso belíssimo
de ansiosas sônias,
mas não revelaram
o nome e o sonho
que a milícia dos monstros
(desde os tempos de Deus)
tanto perguntavam.
Comentário do pesquisador
O jornalista Vladimir Herzog, então diretor do Departamento de Jornalismo da TV Cultura, foi apontado como militante do PCB. Apresentou-se para depor na sede do DOI-CODI (Departamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo, no dia 25 de outubro de 1975. Lá, foi detido, interrogado, torturado e acabou morto, no mesmo dia. A ditadura, recusando-se a admitir o assassinato, forjou um suicídio, legitimado por perícia técnica fraudulenta.