TEORIA DOS COROAS

Affonso Ávila

TEORIA DOS COROAS

 

 

Para o Estado tem dado Commissarios, Ministros,

Senadores, Presidentes, consules, Generaes por

mar e terra, Deputados Geraes e Provinciaes,

Titulares, Barões, immensos Doctores, mil ou-

tros agraciados pelo Monarcha, com comendas, e

habitos e um sem numero de Empregados no Esta-

do, em Minas Geraes, e outras partes do Solo

Brasileiro.

 

História do Caraça, Desde 1820 a 1865

(Anônimo, Revista do Arquivo Público Mineiro, v. 6, 1901)

 

 

A realidade é a dos coroas

a real idade é a dos coroas

a hilaridade é a dos coroas

 

   (sua filosofia é o civismo

   sua filosofia é o cinismo

   sua filosofia é o si mesmo)

 

o credo é o dinheiro

o cristo é o dinheiro

o critério é o dinheiro

 

   (sua verdade é a cia.

   sua verdade é a cifra

   sua verdade é o cifrão)

 

o estadista é o agiota

a estatística é o agiota

a estátua eqüestre é o agiota

 

   (sua paisagem é o branco

   sua paisagem é o banco

   sua paisagem é o balanço)

 

o homem puro é o paladino

o homem público é o paladino

o homem pútrido é o paladino

 

   (sua política é a do benedito

   sua política é a do benefício

   sua política é a do bem-nascido)

 

o ferrete é a liberdade

a ferrugem é a liberdade

a ferradura é a liberdade

 

   (sua retórica é o rui

   sua retórica é o ruído

   sua retórica é a ruína)

 

o burocrata é o censor

o burro crasso é o censor

o burguês clássico é o censor

 

   (sua informação é o estado de minas

   sua informação é o estágio de minas

   sua informação é a estafa de minas)

 

o hábito é a família

o hálito é a família

o álibi é a família

 

   (sua moral é a fachada

   sua moral é a fé cega

   sua moral é a féria certa)

 

o padrão é a mediocridade

o patrão é a mediocridade

o panteão é a mediocridade

 

   (sua cátedra é o trêfego

   sua cátedra é o trívio

   sua cátedra é o trivial)

 

o tema terno é a sensibilidade

o terra-a-terra é a sensibilidade

o ter-a-terra é a sensibilidade

 

   (sua poesia é a do bilac

   sua poesia é a do bivaque

   sua poesia é a do biscate)

 

o mito é a inconfidência

a mística é a inconfidência

a mistificação é a inconfidência

 

   (sua ideologia é a fôrma

   sua ideologia é a força

   sua ideologia é a forca)

 

 

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— Colofão

Coordenação

Marcelo Ferraz (UFG/CNPq)

Nelson Martinelli Filho (IFES/UFES/CNPq)

Wilberth Salgueiro (UFES/CNPq)

Bolsistas de apoio técnico (FAPES)

Juliana Celestino

Valéria Goldner Anchesqui

Bolsistas de pós-doutorado (CNPq)

Camila Hespanhol Peruchi

Rafael Fava Belúzio

Pesquisadores/as vinculados/as

Abílio Pacheco de Souza (UNIFESSPA)

Ana Clara Magalhães (UnB)

Cleidson Frisso Braz (Doutorando UFES)

Cristiano Augusto da Silva (UESC)

Diana Junkes (UFSCar)

Fabíola Padilha (UFES)

Francielle Villaça (Mestranda UFES)

Henrique Marques Samyn (UERJ)

Marcelo Paiva de Souza (UFPR/CNPq)

Mariane Tavares (Pós-doutoranda UFES)

Patrícia Marcondes de Barros (UEL)

Susana Souto Silva (UFAL)

Weverson Dadalto (IFES)

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— Financiamento e realização

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