SÚDITO
SÚDITO
de um reino que não sei
nem quero
que poderes
tenho por libertar-me
que asas,
que algo,
que me dão por viver e estar os deuses?
Transeunte de um campo avaro e vago
por que
por qual tarefa
por quem faço
todo o inútil que faço e mais
que digo?
Nem quero estar e nem partir quisera.
A face que me mostra a morte é escura.
Tenho sede de sol e no entanto
que rara
é uma tarde de sol cheia de flores!
Trago
de outras viagens pó, de outras viagens
fadiga e desamparo.
E estou, por que não sei, outra vez numa estrada.
Fosse ao menos a última,
bastasse!
Súdito
de um senhor que não sei
que não amo
quem pode
ditar-me os mandos de fazer? Espero
e a testa se me inflama
e as têmporas protestam.
Não quero ser de quem não sei o servo.
Quem me manda que exista
se não quero?