SONETO
Companheiro tire este olhar furioso
pelo "descompromisso" da minha poesia
eu sou um gato na lixeira enorme
me divertindo com quinquilharias.
Meu poema é o enterro de uma era
que construímos no labor diário
são esforços de reuniões combates cárcere
é a palavra de ordem que ditamos.
Não tenho o dom de parecer a ave agouro
que aparece e canta todo o companheiro assassinado
de manto preto e crânio roxeado.
Eu prefiro escolher do homem confuso os labirintos,
o corpo de mulher que me emociona e nutre
os temas que a memória desvirtua.
Paulo Henrique
PPRJ 22/05/77