SOBREVOANDO ALCÂNTARA
flutuo
entre um céu e um telhado
e um céu e outro telhado e um verde e um mar
e uma ponta de ilha lá no vértice do sobradão
azul
o corpo
pendurado em arco sustentado por 2 ganchos
não na minha pele
graças a deus e ao fato de estar aqui e não lá
no sobradão azul há 10 anos
era presídio do estado
no sobradão azul há 100 anos
era presídio de escravo
no sobradão azul há 1000 anos
era preguiça de índio
as nuvens
massas sólidas fixas
e eu
na razão inversa
flutuo
a 12 metros do chão
sobrevoado
por dois maribondos