Sobrevivente

Oswald Barroso

 SOBREVIVENTE

 

 

Hoje

minhas palavras são

livres como o gavião

ferindo os ares,

porque as trago na

ponta da língua e

sei de cor a

lição que me ensinou

esse tempo de

morte e desespero.

 

Duras

são as minhas palavras

como esse

    fardo de

cicatrizes que carrego,

porque eu

sei dos porões sujos

onde a manhã se

debate, sob

 descargas elétricas

e dos frios sumidouros

onde se

abate e retalha como

gado, os da minha

geração.

Os melhores, talvez.

Eu,

por sorte ou fraqueza

sobrevivo.

E se meu coração

esfaqueado

teme a cada esquina

meu ódio

teima em prosseguir.

 

Meus mortos,

eu não os pude contar,

mas guardei-os, um a

um no meu grito.

 

Ah, porque quiseram nos

arrancar a alma

Ah, porque intentaram nos

saquear a consciência,

nossos corpos adubarão a feroz

coivara que arrasará

o latifúndio odiento

da injustiça.

 

Doces

são as minhas palavras

porque elas voltarão

sem esta couraça

de fogo que me defende

e atiça.

Eu viverei o amor que nunca

me foi permitido

mas que estava comigo

desde a mais tenra infância

e serei o terno

rouxinol da manhã

a cantar nos olhos

das novas gerações.

 

 Aquiraz, 8/4/79

 

 

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— Colofão

Coordenação

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Nelson Martinelli Filho (IFES/UFES/CNPq)

Wilberth Salgueiro (UFES/CNPq)

Bolsistas de apoio técnico (FAPES)

Juliana Celestino

Valéria Goldner Anchesqui

Bolsistas de pós-doutorado (CNPq)

Camila Hespanhol Peruchi

Rafael Fava Belúzio

Pesquisadores/as vinculados/as

Abílio Pacheco de Souza (UNIFESSPA)

Ana Clara Magalhães (UnB)

Cleidson Frisso Braz (Doutorando UFES)

Cristiano Augusto da Silva (UESC)

Diana Junkes (UFSCar)

Fabíola Padilha (UFES)

Francielle Villaça (Mestranda UFES)

Henrique Marques Samyn (UERJ)

Marcelo Paiva de Souza (UFPR/CNPq)

Mariane Tavares (Pós-doutoranda UFES)

Patrícia Marcondes de Barros (UEL)

Susana Souto Silva (UFAL)

Weverson Dadalto (IFES)

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