QUEM SERÁ MAIS LOUCO
(ou O Miserável)
Não tinha razão
Louco, totalmente louco
Vivia a perturbar
Dia e noite, noite e dia
Todos que queriam descansar.
Era triste a sua sina
Todos podiam notar
Menos os responsáveis
Por estar ele, naquele lugar.
Comia merda, "cantava" e berrava
Louco, totalmente louco
Vivia a vegetar,
Como qualquer animal
Pois não podia mais raciocinar.
Mas ao invés de hospital
Onde pudesse se tratar
Deram-lhe como "morada"
A Detenção, para mais louco ficar
E o poeta que escutava
Todas as noites o seu penar
Ouvindo seus berros alucinantes
Ficava só a pensar:
Quem será mais louco neste mundo cão?
Quem com menos razão está?
É este pobre miserável
Ou quem o mandou para cá?
São Paulo, 24/10/73