Procissão pelos Túmulos Americanos
Onde ficou a memória dos continentes
depois das arcadas ruírem
casas sinos galeões
submersos pela espuma
cantos estridentes pássaros
disseminados nas auroras
desinências resistências flores
plantadas nos cemitérios?
Onde ficou nossa identidade
abastardada, impressa
em poemas tão inúteis
quanto as pedras fabricadas
em alturas tão vagas
quanto o que o tempo enfrenta
sem sextante, sentido?
onde ficou gravada
a presença de tantos gritos
onde a marca de tanto amor
e tantos homens
quebraram suavemente
como ondas
nutriram silenciosamente
doces cardumes
sustentaram gravemente
suntuosos palácios
rústicas palavras
ásperas retóricas
lugar nenhum inventado
que não a inclemência dos espaços abertos?
Caminhamos para um dia
onde decretarão a nudez dos pássaros
o embotamento das cores
onde se legislará sobre a improcedência da manhã
onde o voo da gaivota será proibido
e todo canto soará sem emoção.