Porque estás partindo,
aproveito para oferecer-te
carinhos adormecidos,
fagulhas arrancadas
no ardil das penedias.
Súplicas se desintegraram,
gritos não foram ouvidos,
todavia os campos verdes
serão maduros de verdade.
Leva contigo esta ilha,
estas espadas dos assassinos.
E onde a paz for possível,
rasga teus farrapos encardidos,
pra que se mostrem as feridas
abertas no teu peito.
Porque estás partindo,
procura levar notícia
aos brasileiros banidos:
existem luas pedindo socorro
e corredores de bofetadas
e cólera plena de escorpiões
e golpes e pulmões cansados.
Porque estás partindo,
não te esqueças da liça
tecida para nossa sobrevivência.
E da subvivência dos seres
nascidos com pés na sepultura.