Poema da cartomante

Eduardo Alves da Costa

POEMA DA CARTOMANTE

 

 

 

 

Estendo minha mão

e a velha me fala

de um futuro tão remoto

que chego quase a descrer da Bomba.

Ah, deliciosa visão,

promessas de vida longa,

um lar feliz

e até mesmo um nome

para ser honrado.

Lê, mulher; procura

em minha mão

a certeza que me falta.

Aprendeste a profissão

nos tempos de paz

e o futuro que me dás

é o dos meus avós.

Falas-me de um lar

e eu procuro concebê-lo

ao abrigo da guerra que virá

e que eu vejo crescer nas declarações de paz.

E contudo eu gostaria

de que tuas profecias se cumprissem;

que estas coisas não fossem para mim,

mas pudessem acontecer

ao homem simples,

a esse que vai para a fábrica, de manhã,

e não sabe do mundo

para além do próprio quintal.

Segues com o dedo

a linha da vida

e vês tão claro

que por um instante me aborreço

e penso em me levantar.

Mas não quero te ferir.

Afagas minha mão

num gesto maternal

e me devolves ao mundo,

na certeza de que estou mais forte.

Não, eu não te direi nenhuma destas coisas,

porque lá fora os teus netos brincam

e a tarde, vista de tua janela,

promete não ser a última,

não pode ser a última.

E porque teus olhos

me pedem que acredite.

 

 

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