paisagem sub-urbana
do mangue explode
a choça, negra
flor de palha
e lama, surdo
grito sujando
o impassível azul
raiz de sangue
a choça, frágil
casca de fé
(r)vida
tumba onde jaz
o homem e a sua fome
no chão de barro e sangue
pode, rasteja
a choça
— crisálida da morte e seu noturno voo
Comentário do pesquisador
O poeta em questão, Mário Jorge, morreu aos 27 anos em 1973. A maioria das suas publicações são póstumas, tendo sido organizadas por familiares e estudiosos. Seu primeiro e único livro publicado em vida foi em 1968. Por essa razão, apesar de ser uma publicação de 1997, entende-se que o poema fora produzido dentro do período de ditadura militar.