O Tempo do Homem
Quando chegar o tempo do Homem
Te cantarei os seios róseos,
Viajarei, lírico astronauta,
Às constelações de teus olhos
Quando chegar o tempo do Homem
Nas minhas mãos vinte e um satélites
Trarei, sorrindo, aos nossos filhos.
No vaso a rosa, inofensiva
Quando chegar o tempo do Homem
Mortos os sóis exorbitantes,
Alto, o Sonho achará sua órbita
E então nos amaremos lúcidos
Quando chegar o tempo do Homem
Não de escasso amor conjugado
Num futuro condicionado.
Amor atual, lauta romã
Quando chegar o tempo do Homem
Amor sem susto, amor unânime,
Amor sem resíduos de estrôncio,
Amor sem filamentos de ódio
Quando chegar o tempo do Homem
Possamos tê-lo antregravado
No branco olhar dos nossos filhos,
Se forem cinza os nossos olhos
Quando chegar o tempo do Homem
Como anuncia-se o relâmpago
Que cegos-surdos o pressentem,
Assim — súbito — o saberemos
Quando chegar o tempo do Homem
Pois, quando for o tempo, rútila
Rosa na mão do Povo aberta
Nos dirá: Llegó! È venuto!
Chegado é o tempo!
Tempo de Homem.