o silêncio não é extático
o silêncio não é tático
o silêncio não é surdo
o silêncio não é burro
o silêncio não é mudo
o silêncio não é tudo
o silêncio não é profundo
o silêncio não é simpático
o silêncio não é apático
o silêncio não é antipático
o silêncio não é calar
o silêncio não é um anjo que passou
o silêncio não é falta de assunto
o silêncio não é privilégio dos loucos
o silêncio não é remédio dos roucos
o silêncio não é uma ordem
o silêncio não é rebeldia
o silêncio não é novidade
é só um fusível que pifou
Comentário do pesquisador
Poema publicado no Almanaque Biotônico Vitalidade, pelo grupo Nuvem Cigana. A revista se apresentava como um “remédio” contra a repressão cultural da ditadura. Segundo Claudio Lobato (um dos idealizadores, capistas e ilustradores), em seu blog [https://claudiolobato.com/Almanaque-Biotonico-Vitalidade], o almanaque se pretendia uma paródia aos almanaques medicinais do século passado. “Contra aqueles que propõem a morte como única forma de vida” e “Contra o irremediável” eram algumas contraindicações da “Bula” do Almanaque. Esse poema se encontra na seção "Artimanhas almanaques e super Oito", que abriga poemas esparsos de Bernardo Vilhena.