O DUPLO
Debaixo de minha mesa
tem sempre um cão faminto
— que me alimenta a tristeza.
Debaixo de minha cama
tem sempre um fantasma vivo
— que perturba quem me ama.
Debaixo de minha pele
alguém me olha esquisito
— pensando que eu sou ele.
Debaixo de minha escrita
há sangue em lugar de tinta
— e alguém calado que grita.