O ADESISTA
O tapete azul amansou-te
as pisadas de guerrilheiro:
uma carmelita descalça
calça mais ferro do que tu.
Usavas como cachecol
as serpentes de altas florestas:
agora estás que não amansas
nem mesmo as tranças de Luzia.
Mal tropeçavas nos cordeiros,
as areias te seguravam:
hoje escorregas tua força
no chão de cera dos acólitos.
Nas sobremesas a rigor
sepultaste as grandes palavras:
dentro de ti há uma criança
que não para de vomitar.
Subestimando nosso fogo
dormes nas tendas inimigas:
para abrigar-te das neblinas
dentro das nuvens te escondeste.