Neste lençol as noturnidades do mundo nos afrescos
das paredes da Capela Sixtina e de Pompéia
profundamente se fundiram no
azul do céu cada vez mais rasgado
pelas unhas eletrônicas da luz
e assim reunidas, como se fossem as trevas
de uma figura só, vão se cristalizando
no cinzento passado que prepara
a queda aerolítica das melancolias sexuais
— que serão também os túmulos
de todos os deuses que morreram
em nossa época.
Nas áreas frias de Nova Iorque o derradeiro olhar
de Marilyn Monroe bóia dissolvido em brumas.
Cabe a nós, e tão somente a nós, colocá-lo sob o sol
para que as cortinas deste século não desçam mais
como lâminas de guilhotina.