Mundo roto
Solidão em mim, neste habitar de ruínas
amontoadas sobre sangue e chamas.
Em peito outrora escancarado
às fontes e aos horizontes,
às canções sem crispações
e aos motes hilariantes,
pulsam agora seviciadas,
conspurcadas,
apodrecidas,
palavras horrorizadas.
Da paisagem despencam sombras
que aderem à parede, condenadas,
gemendo ao sol, ao sabor,
de armas e ruídos de balaços.
Luta-se em flancos vários:
em campos de guerra vera,
em feiras de corvos torvos,
ou nas brumas de outro extremo,
onde o pensamento é excremento
e, a liberdade, trivialidade.
Palavras são mó de vento,
pisoteada mensagem
de precário urdimento:
desservem ao entendimento
ou são pajens, serviçais,
de estranhos cometimentos.
Comete-se até o desatino
de arrotear-se a Lua
com pás e pés espantosos,
prevendo-se uma guerra sua.
E o mundo mascara o lixo
que se junta com capricho.