Mormaço
Tarde de mormaço
flores despencam das árvores
Nuvens caladas no céu
fechadas sobre si mesmas
em silêncio de cinzas
O mormaço impregnando minha pele
infiltrando-se pelos poros
ocupando-me inteira
de fora para dentro
(Esqueci ——
não devia fartar-me de amor,
apenas bebericá-lo)
O pequeno-príncipe também é mormaço.
O medo voltou
constante costumeiro
Não posso falar, tenho medo
medo imenso de ser esmagada
Nesta tarde abafada
um pouco de sol nas nuvens
de mormaço
Agora meu olhar é mormaço
Indefinível —— por isso importante.
O mormaço me esmaga
mas o sol cai no fim da tarde
a brisa sopra suave
respiro
o medo.