Organizar a Esperança,
conduzir a Tempestade,
romper os muros da Noite,
criar sem pedir licença,
um mundo de Liberdade.
Trabalhar a dor,
trabalhar o dia,
trabalhar a flor,
irmão,
e a coragem
de acender a rebeldia!
No clamor das oficinas
moldamos metal e sonho,
banhada em sal e suor,
forjamos a ferramenta,
Central dos Trabalhadores.
Convocar todos os sonhos
e as mãos das companheiras,
feitas de espera e de flor,
tecendo nossas bandeiras
na trama de cada dor.
Arrastar todas as cercas,
que as enxadas voltarão
à terra-mãe de lavrar
e dividir o sertão,
liberto como outro mar.
Levantar os oprimidos,
que os tiranos tremerão
e aos palácios destruídos
avançaremos unidos
no passo da multidão.
Retomamos a memória,
na batalha das cidades
empunhamos nossa história,
já não há quem nos detenha,
nós somos a Tempestade.
Comentário do pesquisador
Pedro Tierra é pseudônimo de Hamilton Pereira da Silva. Em conversa particular, Pedro Tierra informou que o poema “Metal e sonho” foi escrito em meados da década de 1980, no período de transição entre a ditadura e a democracia, em meio às intensas lutas políticas em torno da elaboração da nova Constituição. Assim, o texto expressa preocupações, anseios e lutas do momento final da luta contra o autoritarismo do regime militar.