Masmorras
Clandestinidades, fugas na boca da noite
Dormir cada dia num lugar
Pensões, pulgas, esconderijos, dinheiro contado, pratos
feitos, uma pinga para o consolo provisório.
Palavras apenas – e foi na carne que doeu.
Tudo já foi ditado, mastigado, expelido.
Foi?
O Primeiro Interrogatório.
O Segundo Interrogatório.
O Quarto Interrogatório.
O Décimo-Quinto Interrogatório
(De manhã, de tarde, à meia-noite, às quatro da
madrugada).
Choques elétricos, pau de arara, “cadeira do dragão”,
“telefones”, palmatórias.
O verso de T.S.Eliot na cabeça:
“As palavras se movem, a música se move
Apenas no tempo: mas aquilo que apenas vive
Pode apenas morrer. As palavras após a fala, alcançam
o repouso. (…)
O corpo: não.
Um bafo de morte na soleira da porta.
(O processo, a burocracia, togas pretas, auditorias, fardas.)
E um dia ir embora para plagas não conhecidas
Um dia, voltamos.
(Só restará o oblívio Alguém se lembrará?)