MÃO
Clara amanhece
Natura e canta,
lìricamente
dilucular.
Crótalos clamam,
clarins ressoam,
sôbre as cabeças
lírios revoam.
Nas veigas nuas
de ensolarar,
incautas notas
tremulam no ar.
Langue, Natura
suspira, expira
no meio-dia
plenissolar.
O Homem levanta-se,
ergue a cabeça:
dos sonhos áureos
nenhum pereça!
Mas quando o açude
das trevas rompe
e êle se imerge,
náufrago ardente,
e de olhos turvos
canta o Universo,
do lábio trêmulo
sangrando um verso,
— enquanto o Homem
trauteia a copla,
soturna Mão
ergue a manopla.