Rasgam-se portas
na cordilheira nua.
Brasa e neve vestem a noiva.
Borboletas de ouro
crescem nas distâncias
e guardam esconderijos
garantindo encontros.
Hermanos y manos
los van a dar
en las herramientas
aunque sea de noche.
La lucha es fuente
que reforça consciências
de hombres destemidos.
A revolução se apresenta
em cantos diferentes,
preciso dizer adeus.
Hasta siempre, amor.
Quiero besar tu boca,
purificar-me em nosso pranto
e seguir pelas paragens
dessa terra terrível.
Pássaros cantam
no interior das árvores
apontando intempéries
para os meus pés.
Almenara, almanara,
torres e batina esfarrapada,
estandarte colombiano.
Meu rio Jequitinhonha
acariciando a minha adolescência
e se perdendo na melancolia
das montanhas mineiras.
Eliminando todos limites,
subo aos ombros de Machu Picchu,
verifico sua fronte crestada,
seu rosto gasto pelas procelas.
Pretendo ser palavra e ação,
aço, assombro e assédio;
descer los senderos de la sierra
abraçando edifícios
e as selvas do Sul.
Instrumentos se unem
e se levantam para levar
florestas, rios, montes
e história maior que o mundo
à clara manhã,
mañanamérica.
La novia alumbra los obreros
y abre en nuestros dedos de dolor
su presencia de infinito.
Onde quer que tua estejas
tenho teus olhos na moldura
iluminando minha cela.
Estou cercado pelas águas,
leis, chaves e carabinas.
Mas o sangue das auroras
corre nas entranhas do continente
e recobre de rubra color
os campos da bandeira estendida
sobre faces e fábricas.
Se me prendem ou me matam
cada dia em toda parte,
estou renascendo siempre
— onde quer que a vida exista
ou deixe de existir,
porque são irmãs as sementes
que germinam
na mesma terra escura e fértil
da América Latina.