MALDITA MALEITA
Maldita Maleita
Malfeita malfeitora
comedora de brasileiros
fome da fome
febre da morte
quente
corpo quente
estrada quente
morte quente
Maleita te odeio e te praguejo
cem vezes
mil
cem mil vezes
todas as vezes que lembro de ti
por que aqui? Maldita!
Maldita Maleita
te odeio e te praguejo
como a todos aqueles que roubam
a vida brasileira
e jogam
nossa sorte
nos quadragésimos andares
do Inferno de Wall Street
Comentário do pesquisador
Poema publicado no Almanaque Biotônico Vitalidade, editado pelo grupo Nuvem Cigana. A revista se apresentava como um “remédio” contra a repressão cultural da ditadura. Segundo Claudio Lobato (um dos idealizadores, capistas e ilustradores), em seu blog [https://claudiolobato.com/Almanaque-Biotonico-Vitalidade], o almanaque se pretendia uma paródia aos almanaques medicinais do século passado. “Contra aqueles que propõem a morte como única forma de vida” e “Contra o irremediável” eram algumas contraindicações da “Bula” do Almanaque. Esse poema se encontra na seção "Artimanhas almanaques e super Oito", que abriga poemas esparsos de Bernardo Vilhena.