MAIS UM DOMINGO
A noite já sumiu
Mais uma manhã a veio engolfar
Com o ouro do astro rei
E os pardais sempre a cantar.
Pela "janela" do seu xadrez
O prisioneiro lança o seu olhar
Vê nos muros os pardais
Sempre livres, alegres a gorjearem
Vê ao longe, no horizonte
Todo o morro a se envolver
Na luz daquela manhã
De mais um domingo que vai nascer.
Mas para ele a noite continua
Pouco adiante a luz penetrar
Já que ela entra sozinha
Sem liberdade para o abraçar.
E ele fica olhando
A liberdade e a vida caminhar
Lá fora dos muros malditos,
Que ele não pode ultrapassar.
São Paulo, 29/09/73