LUTA
A ferro e fogo, a sangue e pranto, e saque
e vitupério, num rilhar de dentes
constante e vão, tais vamos, descontentes
da vida, pela vida, adiando o baque
final, se adiá-lo pode êste nosso ódio.
Que odiar, inda no amor, é o alimento
com que se alonga o humano sofrimento.
Quando a calma virá, fruto serôdio?
quando de amor já não nos mataremos?
ou de um ódio recíproco inimigos
já se não nutrirão? — Quando esquecidos
dêste agora em que, cegos, esquecemos
que a luta não é nossa, é mais acima,
que a morte sôbre nós com o tempo esgrima.