LITANIA
nem estamos vivos
nem continuamos sendo,
continuamos.
nem temos esperança
nem nos matamos desesperados,
continuamos.
obcecados no medo
sem correr da força,
continuamos.
vivas imagens
de nossa morte nova,
continuamos.
nem tentamos o golpe
de ferir bandeiras
nem clamamos os rasgos
noutras desferidos,
continuamos.
feitos de ausência,
continuamos.
onde escondemos a dor
nem o sabemos,
continuamos.
há muito disformes,
continuamos.
pelas mornas esquinas do silêncio
onde a monotonia atemoriza
e nadifica o ser
continuamos.
agosto, 1977