Ladainha
Ai, Média Idade,
que saudade!
Das tuas liras?
Das tuas piras.
Dos teus jograis?
Das tuas rodas
infernais.
Ah! quem nos dera
da Inquisição
a alta e santíssima
perfeição.
Ai, Média Idade!
Os instrumentos
atuais
carecem de
imaginação.
E estes modernos
Índices nossos
não têm a tua
iluminação.
Ai, Média Idade,
que saudade!
Dos trovadores?
Dos horrores:
queimem-se os bruxos,
os pecadores,
purguem-se os crimes
pelo Terror.
Ai, Média Idade,
que saudade!
Ressuscitemos
a empalação!
Ressuscitemos
o basilisco,
logo o montemos
num hipogrifo,
para que então
creste o seu hálito,
sua visão,
esta ânsia impura
de liberdade,
nódoa da humana
condição.
Ai, Média Idade!