Juan

Pedro Tierra

 JUAN

 

 

 

 

 

Os carrascos estão mudos, Juan.

Há o medo, o medo estampado,

gravado, esculpido no rosto

eternamente com teu sangue, Juan.

Eles não compreendem teu canto,

teu punho erguido diante do muro.

Não sabem que nada podem contra ti.

Por isso não compreendem

como, um dia depois da morte,

estás nas barricadas de Paris,

tua mão distribui sementes de fogo

pelas embaixadas da morte.

Teu canto se multiplica na boca

das cidades rebeladas.

O mesmo canto que, ontem, parecia solitário,

irremediavelmente condenado

a morrer na morte de teu corpo.

 

Não podem compreender

que teu agasalho tecido

de amor, silêncio, lágrimas

e na profunda lã de Biscaia,

pelas mãos torturadas de tuas companheiras,

te faz invulnerável.

 

Retiraste deles o poder de matar,

seu eterno ofício.

Já não podem esconder as mãos ensanguentadas.

Há o medo, o medo gravado, estampado,

esculpido nas mãos trêmulas.

Hoje Juan, quando estiveres comandando

uma barricada ou uma greve,

lembra-te de meu povo martirizado,

eu juro que ele não se rendeu!

 

   Meu verso sobreviverá

   porque falou de tua grandeza!

   Porque Juan Paredes Manot

 não morrerá nunca!

 

(setembro/75)

 

 

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Bolsistas de pós-doutorado (CNPq)

Camila Hespanhol Peruchi

Rafael Fava Belúzio

Pesquisadores/as vinculados/as

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Ana Clara Magalhães (UnB)

Cleidson Frisso Braz (Doutorando UFES)

Cristiano Augusto da Silva (UESC)

Diana Junkes (UFSCar)

Fabíola Padilha (UFES)

Francielle Villaça (Mestranda UFES)

Henrique Marques Samyn (UERJ)

Marcelo Paiva de Souza (UFPR/CNPq)

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