Hora absurda, de ódio e de fadiga.
Hora fora do tempo, onde os umbrais vacilam.
Talvez eu seja um homem de nostálgicos amores
ou apenas um menino na madrugada,
com tempestade e cipós nos pés.
Eu me levantava no meio do sono
e via a lua no lombo dos cavalos
ampliando a dimensão dos vales.
A brisa no musgo do teu ventre
inebriava nossa paisagem de encantamentos.
Mas a vida vai-se consumindo nos precipícios,
nos princípios, protestos, tintas e túneis,
em tudo que o homem pensa praticar.
As manchas do jaguar são províncias
iniciadas debaixo do paralelo
elaborando luz nos lustres do Sul.
Quero aquecer-me no calor de teu colo
e queimar os monstros que tentam nos esmagar.
Ainda há setembros, abraços e abrigos
para abreviar noites ambíguas, velas vãs,
desvelos despertados pelo pavor.
Quartel do 6° Regimento de Cavalaria
de Alegrete (RS), 1971