Homem e Anti-Homem
Homem e anti-Homem nos desequilibram,
no sistema de forças oscilante
— negro e rude sistema pulcro e lírico —
de que somos o fulcro.
Um precipita-se, detrito; amarra-nos
à escória do que somos. Ao abismo
nos chama e nos compele, espessamente,
o que temos de abismo.
O outro, essência, para o alto o solicita
um oposto destino.
Em tais contradições nos enredamos:
descemos, ascendemos, jamais neutros.
Tese e antítese somos. E lutamos,
confusamente, à espera de que venha
um alto, um claro, um simples
tempo de amor — um tempo sem detritos.