[há uma tranquilidade na insatisfação]

José Paulo Moreira da Fonseca

    há uma tranquilidade na insatisfação

uma fartura que é renúncia à posse

um aceitar que mal divisa o que aceita

quase emoção   ideias quase

espelhando-se em nuvens ainda tímidas e noturnas

porém desmentindo a noite
numa lividez próxima à pureza do sangue e do sol

 

    e eu as contemplei      aquelas nuvens

contemplei-as certo de que lhes devia dar abrigo

ainda que as redes de vidro tecidas pelo todo-o-dia

em negligência ou clamor

    aprisionassem este inquieto empenho

 

    serei meu cárcere ou serei minha liberdade?

 

mas que lábios

 aqui

   diriam atingimos?

 

mas não confiemos na inércia

 

        as mãos se usam no ofício

e não és um tonto em prever que elas modelariam a última figura

 

as mãos se devem gastar

   para isso foram feitas

as tuas mãos    as minhas

 

    não confies na inércia

 

e ao longe

    as nuvens

  hóspedes de teus olhos

narrando em sonho o país que desconheces

 

estende o olhar

—— que importam as lágrimas? ——

estende o olhar

 

o tempo é feito de estilhaços

 

estende o olhar

 

 

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— Colofão

Coordenação

Marcelo Ferraz (UFG/CNPq)

Nelson Martinelli Filho (IFES/UFES/CNPq)

Wilberth Salgueiro (UFES/CNPq)

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Valéria Goldner Anchesqui

Bolsistas de pós-doutorado (CNPq)

Camila Hespanhol Peruchi

Rafael Fava Belúzio

Pesquisadores/as vinculados/as

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Ana Clara Magalhães (UnB)

Cleidson Frisso Braz (Doutorando UFES)

Cristiano Augusto da Silva (UESC)

Diana Junkes (UFSCar)

Fabíola Padilha (UFES)

Francielle Villaça (Mestranda UFES)

Henrique Marques Samyn (UERJ)

Marcelo Paiva de Souza (UFPR/CNPq)

Mariane Tavares (Pós-doutoranda UFES)

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Susana Souto Silva (UFAL)

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