GAMO O GAMAR
Amo o amar
Só adianta
Quem canta
E se espanta e espanta
A besteira que é tanta
Vamos aprender a amar
O nosso ar e lar e mar e dar e amar e estar
Jamais aprisionar e subjugar-controlar-manipular
Mas sim, aliás, se emocionar com o Brás
Com a onça e toda a nossa bossa e tudo que se possa
Na nossa joça ser algo que adoça e que coça
E remoça pois é nossa como a carroça e a palhoça
E a roça e a onça de novo com toda geringonça
E a nossa anta e capivara
E arara e curupira que pira
E Saci-Pererê e você e toda planta
Que tem tanta
E tudo mesmo que é mudo
É coisa santa quando canta
E isso é isso e só isso adianta
E viu e sentiu a farra no Farol da Barra
E a festa da raça multidão como floresta na praça
Todo sutil significado de país de céu de anil
Momento fugaz num zás-trás
A alma secreta e repleta de tão completa do Brasil
Da selva sem fim até o mar por onde deságua o grande rio
Quente atmosfera
Sente átomos na esfera
Da gente quando era
Mais filho que avô
Mais direto que fingidor
Objeto direto, direto na dor
Passatempo predileto era curtir naquele tempo
Com vento lento o tormento do ciúme
Estrume e talvez simples costume
Do amor sem destino
Sem meta só desatino
Salada completa
Mas nada recordo
Só essa madrugada é predileta
Como a grana do bacana na carteira
Como o trono da coroa do décimo nono Rei Momo
E que durante o ano era mordomo
Levou cano no cotidiano
Se não me engano
Mais do que quem pratica crimes de caráter insano
Já foi rei e guarda-civil é gordo mais sutil
Já está adiante do mais intrigante instante
Apavorante
Chocante
Este gordo rei Baco-Dionisius de nossa carne-naval
Para os deuses e deusas do paganismo a ressurreição
Por aqui não foi nada mal
Tem até caráter brasileiramente legal
Burocratizada e institucional
Já se está adiante
Nem que adiante
Mesmo não querendo estar tão avante
Vá adiante com esse brilho
De filho ou dos trilhos
Das novas ferrovias que são urgentes
Para que nossa crescente agro-pecuária alimente
A nós em primeiro lugar e depois todas as outras gentes
É a noite da noite dentro do dia a dia
É a alegria do riso que ria
Assim como a garganta que canta
E que assim se liberta
Dessa coisa que aperta
E que só adianta o que se canta
E é preciso até ser preciso no impreciso
E dizer é não ao não do vacilo ou do bacilo
Mas sim à imperfeição do humano
Pois sua perfeição inclui o engano
É preciso o que eu preciso
É preciso precisar pisar teu piso
Liso no riso e com juízo
Com aquele amor que é preciso
Como diz o samba imortal para entrar no paraíso
Com sorriso sem prejuízo corrosivo
Ou totalitarismo agressivo
Ou como Narciso
Que se evaporou como beija-flor
E a ninguém amou
Assim não seremos, não sou!
Sabemos
Que somos
O que fomos
E seremos
Supremos
Vencendo combatendo
(sempre entendendo)
Os venenos
Supremos
Seremos
Serenos
E assim teremos
Os amores que queremos
Nessa terra santa
Onde tem tanta anta que canta
Como só canta
E levanta
E adianta
Quem se encanta
E que se alevante
O supermaracatu elefante
Democratizante!
Aqui é mesmo o final
Abaixo o nazismo universal!
"Ciau"
Jorge Mau
Ou bem
Jorge Ben?!