ESTÁGIO
Escorados nestas ruínas
e sem nos darmos à esperança
de levantar uma só pedra,
um ao outro nos denudamos.
Adormecemos nos recantos
baixos, baixios da desordem:
pelos que andam de fronte erguida
jamais seremos descobertos.
Um de nós sente tanto medo,
abre tanto os pequenos olhos,
que consegue ver e chorar
a mais longínqua ingratidão.
Novas datas serão marcadas
para os encontros, novas chuvas
num lugar obscuro do céu
se preparam para adiá-los.
Resistimos porque sabemos
que as ruínas não são tão belas
como se diz, e que a salmoura
do tempo as afogará.