EROTISMO E NYLON
(Impressões de uma calcinha em 1 auditoria)
Vagam ainda
rumores e nervuras, flores
não quero a esmo vermes
nem tão pouco essa candura falsa
essa voz rouca em surdina ou valsa
mesmo que proveniente do disco ou da poesia
não quero esse vago grito agora já não ouço
o agridoce aroma e canto das coxas
já não toco em meus lábios.
Já não espero de meus pelos contacto
com algum nylon já não espero
desembaraçar lentamente o elástico
tão longínquas estão minhas mãos
de qualquer possibilidade
de carícia tátil, orvalho
e secreção no nylon
ou na seda úmida
sediada junto à carne
unida ao ventre que se oferece
à minha sede límpida de seu sexo
à minha sede central de impulsos
onde o nylon provoca o desejo
que se assenta escuro e se esclarece
com meu beijo na penumbra.