EQUILÍBRIO
a construção obsedia
aceita a injustiça
se rende
e obedece.
— o milagre quer silêncio —
na obediência
submerge a afro-latinidade ameríndia.
a construção desaba.
o peso dos andes
uniformiza a dor
doendo menos
e rezando.
— o estrangeiro executou os condores —
outros pássaros estão voltando
em busca do tempo e da palavra.
sangue calado
mortincerta no caminho
de quem anda só.
é tempo de dar as mãos
caladamente e inteiro.
o milagre quer silêncio
para ser distribuído
na comunhão dos terreiros
para os que rendem graças
no funeral da palavra.
aceita o abrigo!
esquece a propriedade!
é isso a tua comunhão: esquecer.
criam-se bandeiras para novos deuses
e há um povo que cala
os pés que dançam
o violão — o amor
a palavra fraudada no jornal
formando a grande opinião
a fácil comunhão
átomo
fome.
— tempo capital —
tempo sem palavra.
junho, 1975