ENTRE HINOS E BANDEIRAS
PARA ANTÔNIO BARBOSA
Minha liberdade nunca a vivi.
Pisei meu solo com miserável boca.
Abracei meu irmão que estava morto.
Fingi minha alegria na festa alheia.
Vi meus irmãos algemados de fome.
Meu país escudado por generais tolos.
Nossa história envolvida em cínica fala.
Nossa escola rotineira de um verde tédio.
Nossa política repetida mil vezes em trama.
É este um país de uma perdulária mentira solta.
As grandes propriedades são cemitérios de nojo.
Os nossos generais de 4 estrelas e os coronéis bradam.
Bradam, entre hinos e bandeiras, nosso hino de miséria.
Comentário do pesquisador
O poema critica, de forma muito direta, a fome e a pobreza que se perpetuaram no período ditatorial e como elas foram mascaradas e encobertadas pelas figuras da época.