Não abram esta janela.
Não afastem estas cortinas.
Nesta sala os amigos mortos
estão bebendo a sua cerveja.
Uma voz há muito perdida
(só os meus ouvidos a ouvem)
chama do fundo da infância
e eu me sinto sangrar.
Pousa uma garoa antiga
nos meus cabelos, e brilha.
A criança brinca com um martelo
que cai sobre o meu coração.
Tanta coisa silenciada!
O olhar, turvo, passeia
pelo quintal, onde só há
a infância alheia
e o vento.