Confissões de Última Hora
Hoje, nesta visita íntima
senti-me sem qualquer intimidade
com esse mês de setembro
que prenuncia minha saída.
Já mais próximo do meu livramento condicional
me vejo incondicionalmente vítima de tudo,
vitrine de minha própria loucura.
E vivo a merda de um vazio despropositado
uma total indiferença ante a liberdade
e até uma certa náusea por ela.
Tenho medo de sair, preguiça de viver
e horror de ser tomado por tal letargia
no dia que puser os pés fora dessa prisão.
Tudo perdeu o sentido
e eu escolhi me decretar atingido
por fatos que normalmente tiro de letra.
Fiz toda força que pude prá me fragilizar
antes que fosse tarde
e mais uma vez eu subisse ao pódium
para uma vitória à custa de minha emoção.
Eu que durante tanto tempo
resisti na esperança desse momento
na sensação de superioridade que ele me daria
caso eu conseguisse retê-lo
tenho apenas algumas semanas
para recuperar minha fantasia
sem a qual sairei daqui derrotado
e todos esses anos não terão tido qualquer sentido.
Confesso,
é uma sensação tão doida, doída,
contraditória com tudo
que por um momento quase não publico esse livro.